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Usina de dessalinização obtém licença de instalação na Praia do Futuro após anos de atraso

Entenda como vai funcionar a usina que remove sal da água do mar em Fortaleza A Dessal do Ceará, usina de remoção de sal da água do mar prevista para ser c...

Usina de dessalinização obtém licença de instalação na Praia do Futuro após anos de atraso
Usina de dessalinização obtém licença de instalação na Praia do Futuro após anos de atraso (Foto: Reprodução)

Entenda como vai funcionar a usina que remove sal da água do mar em Fortaleza A Dessal do Ceará, usina de remoção de sal da água do mar prevista para ser construída na Praia do Futuro, em Fortaleza, obteve a licença de instalação da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), o que deixa o projeto mais próximo de se concretizar. A expectativa da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) é começar as obras ainda neste ano. O projeto se viu envolto em polêmicos após empresas de telecomunicação alegarem que a localização da usina poderia afetar os cabos submarinos que conectam a internet de todo o Brasil e parte da América Latina. Diante da pressão das empresas, o governo cedeu e mudou de local. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Ceará no WhatsApp Com a emissão da licença pela Semace, agora a Dessal do Ceará precisará obter ainda algumas permissões, como o alvará de construção que deve ser emitido pela Prefeitura de Fortaleza, e então as obras vão poder começar. A previsão é que, uma vez iniciadas, as obras terminem em dois anos. Além do alvará, a empresa Águas de Fortaleza - vinculada à Cagece e que será responsável pela operação da usina - deve apresentar um projeto de canteiro de obras, que passará também pela aprovação da prefeitura. A planta de dessalinização fará o tratamento da água do mar com a tecnologia de osmose reversa. Cagece/Divulgação Por fim, a Cagece ainda deve obter as licenças de instalação dos dutos da usina no terreno da praia. No Brasil, a faixa de areia é de propriedade da União, portanto o procedimento é resolvido junto à Secretaria de Patrimônio da União (SPU). O projeto da Dessal é capitaneado pela Cagece e vai utilizar a tecnologia de osmose reversa para tornar potável a água do mar. A usina deve ter capacidade de produção de água de 1 m³ por segundo (mil litros por segundo). Conforme o Governo do Ceará, o projeto vai ajudar a garantir a segurança hídrica no estado. A localização da usina, porém, era motivo de oposição das empresas de telecomunicações ao projeto, que diziam que as estruturas da usina podem afetar os cabos e interromper o funcionamento da internet no Brasil. LEIA TAMBÉM: Entenda oposição de empresas de internet à construção de usina próximo a cabos submarinos em Fortaleza Após polêmica sobre proximidade com cabos de internet, empresas de telecomunicações avaliam mudança do local onde seria usina, em Fortaleza Após reclamações das empresas de telecomunicação, o equipamento foi mudado de local para ficar mais distante dos cabos subterrâneos de internet que passam pelo local. A realocação da usina para um novo local havia sido anunciada pelo governador Elmano de Freitas no último dia 14 de junho. A usina vai continuar localizada na Praia do Futuro, mas será instalada a mais de 1.000 metros do local que estava previsto, o que, conforme os responsáveis pelo projeto, vai afastar qualquer risco. A estrutura de captação das águas do mar também vai ser deslocada com a usina. A licença emitida agora pela Semace é justamente para o funcionamento neste novo local. As obras da usina serão feitas por meio de parceria público-privada do consórcio SPE - Águas de Fortaleza, que venceu edital da Cagece com investimento previsto de R$ 3,2 bilhões. Polêmica com o local da usina Fortaleza é o ponto central dos cabos que abastecem a internet no Brasil Globo/Reprodução A localização da usina na Praia do Futuro era motivo de oposição das empresas de telecomunicações, que diziam que as estruturas da usina poderia afetar os cabos e interromper o funcionamento da internet no Brasil, causando um "apagão" de conexão no país. A Praia do Futuro é um dos locais no Brasil mais próximos da Europa e por isso é o lugar que primeiro recebe cabos de fibra ótica do continente. A partir da Praia do Futuro, esses cabos vão para Rio de Janeiro, São Paulo e países da América Latina. Esses cabos são responsáveis por 99% do tráfego de dados do Brasil. O bairro também costuma ter uma das águas mais limpas da orla de Fortaleza, por isso é defendido que a usina seja construída no local, uma vez que tornaria o processo de dessalinização da água mais fácil e mais barato. O possível risco da instalação da usina, segundo a associação de operadoras TelComp, era que a estrutura da usina, que capta água no fundo do mar, possa romper os cabos submarinos. Se os cabos forem rompidos, o fornecimento de internet poderia ser afetado em todo o continente, deixando usuários off-line ou com internet lenta. Ao longo de todo o imbróglio, a Cagece, empresa estatal do governo cearense responsável pela usina, defendeu que o projeto não apresentava nenhum risco ao funcionamento dos cabos submarinos localizados na Praia do Futuro". Ao fim de meses de polêmica, em junho de 2024 o Governo do Estado cedeu e mudou a localização do projeto da usina, que continuou na Praia do Futuro, porém em uma posição mais afastada do ponto onde os cabos de internet convergem. Após o anúncio da mudança de local, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) avaliou que o novo local de instalação de usina no Ceará não põe internet do país em risco. A mudança foi anunciada em junho do ano passado e, desde então, o projeto aguardava as licenças necessárias. LEIA TAMBÉM: Entenda como funciona a usina que tira sal da água do mar e gera embate por risco de derrubar a internet no Brasil Entenda por que usina será construída perto de cabos submarinos Entenda riscos para a sua internet caso Fortaleza crie usina perto de cabos submarinos Projeto acumula atrasos e contratempos A usina de dessalinização foi anunciada em 2017 pelo Governo do Ceará. Em agosto daquele ano, a Cagece lançou um edital para estudar a viabilidade do projeto. A ordem de construção, porém, só foi assinada pelo governo estadual em julho de 2021. A previsão era que a usina estivesse em funcionamento em 2025. Desde então, a Cagece tem tentado obter as aprovações de órgãos ambientais e de regulamentação para levar a usina adiante. Em 8 de novembro de 2022, o Conselho Estadual do Meio Ambiente (Coema) aprovou a licença ambiental para construção da usina, que foi emitida no dia 28 do mesmo mês. No dia 20 de dezembro de 2023, a empresa afirmou que a construção da usina em Fortaleza foi aprovada pela Superintendência do Patrimônio da União (SPU-CE), que precisa aprovar obras na faixa de praia, uma vez que, no Brasil, a faixa de praia pertence à União. Usina para tirar sal da água do mar em Fortaleza deve ser construída na Praia do Futuro Reprodução Apesar destas aprovações recentes, o projeto tem sofrido oposição tanto das empresas de telecomunicações quanto da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A agência já emitiu uma recomendação contrária à instalação da usina na Praia do Futuro. No fim de janeiro de 2024, o consórcio SPE solicitou à Semace a licença de instalação, que permite o início das obras. A área técnica tem até 180 dias para emitir ou não o documento, prazo que encerrava em julho de 2024. No entanto, a licença só outorgada agora, em setembro de 2025. Inicialmente, a previsão era que as obras tivessem início em março de 2024, com prazo estimado de conclusão para o primeiro semestre de 2026. No entanto, com a emissão da licença de instalação emitida agora, a espera pelo alvará de construção e a previsão de dois anos de obra, o cronograma de construção da usina deve atrasar mais uma vez. Como funciona a usina A usina de dessalinização possui uma torre de captação e as tubulações que ficam dentro do mar, captando a água e enviando para a estrutura em terra. Uma vez lá, a água é bombeada para a planta de dessalinização, onde acontece a parte mais importante do processo. Usina terá torre submersa para captar água do mar a 14 metros de profundidade SPE Águas de Fortaleza/Reprodução Conforme a Cagece, o equipamento vai utilizar tecnologia de osmose reversa para obtenção de água potável. Nesse processo, o sal é separado da água por meio da aplicação de uma pressão sobre o líquido. Funciona assim: Pré-tratamento: nesta etapa, a água do mar passa por um primeiro processo de filtragem. Osmose reversa: é a etapa mais importante do projeto. A água é pressionada contra membranas, que barram a passagem das moléculas de sais. Assim, duas soluções são criadas: solvente (água) de um lado, soluto (sal) do outro. Pós-tratamento: livre dos sais marinhos, a água recebe flúor e outros minerais, além de passar por desinfecção e correção do pH. Após essa etapa, a água está própria para consumo humano. Depois destas etapas, a água potável é levada para o reservatório dentro da usina. De cada 2,3 mil litros que chegam do mar, apenas mil litros chegam como água potável até o fim do processo. Esta água, por sua vez, será encaminhada ao sistemas de abastecimento da Cagece. Assista aos vídeos mais vistos do Ceará