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Doutora Adriana Costa e Forti é contemplada com o Troféu Sereia de Ouro 2025

Doutora Adriana Costa e Forti é contemplada com o Troféu Sereia de Ouro Para quem dedicou a vida à medicina, não tem recompensa maior do que ver os paciente...

Doutora Adriana Costa e Forti é contemplada com o Troféu Sereia de Ouro 2025
Doutora Adriana Costa e Forti é contemplada com o Troféu Sereia de Ouro 2025 (Foto: Reprodução)

Doutora Adriana Costa e Forti é contemplada com o Troféu Sereia de Ouro Para quem dedicou a vida à medicina, não tem recompensa maior do que ver os pacientes saudáveis e bem acolhidos. É o fruto do trabalho de mais de 50 anos da doutora Adriana Costa e Forti na área da endocrinologia. Adriana Costa é uma das quatro agraciadas com o Troféu Sereia de Ouro, comenda criada pelo chanceler Edson Queiroz em 1971, que busca homenagear homens e mulheres das ciências, artes, negócios, iniciativa privada e serviço público. Neste ano, além de Adriana, recebem o troféu: Guiomar Marinho, artista Oto de Sá Cavalcante, empresário Tasso Jereissati, empresário e político A cerimônia de entrega do Troféu Sereia de Ouro será realizada na sexta-feira, 26 de setembro, às 20h, no Ideal Clube, em Fortaleza. Nascida em Mossoró, no Rio Grande do Norte, Adriana Costa veio para o Ceará aos 15 anos para fazer o curso científico e tentar o vestibular de medicina. Doutora Adriana Costa e Forti é contemplada com o Troféu Sereia de Ouro 2025 Thiago Gadelha/SVM Foi quando conheceu os irmãos Alcântara, Lúcio, médico e ex-governador do Ceará, e a colega Lúcia. "E como as duas queriam fazer medicina, a ligação entre elas se aprofundou nessa ocasião. Aprovadas as duas, a Adriana, então, passou a morar conosco, em nossa casa", afirma Lúcio Alcântara. "A partir daí, a nossa ligação se aprofundou muito, ao ponto de que ela chamava meu pai e minha mãe de 'meus pais'", afirma. As amigas foram fazer especialização no Rio de Janeiro. Doutora Lúcia em radioterapia e a endocrinologia ganhou o talento da doutora Adriana. "Eu escolhi a endocrinologia porque eu me entusiasmei muito com a fisiologia, com o mecanismo de hormônio, com a interrelação de um hormônio com o outro, com os feedbacks que são feitos para comparar e para liberar a secreção hormonal. Eu achei isso muito interessante, estudar essa coisa bem molecular, inclusive, com relação à parte hormonal. Foi isso que me encantou na endocrinologia", relata Adriana. O mestre da faculdade de medicina Elias Geovani, atualmente aposentado, também ficou encantado pela capacidade da aluna Adriana. "Ela era muito interessada na hora da gente fazer um exame num paciente. A Adriana sempre era a ponta de lança, estava lá, ela queria fazer tudo", comenta doutor Elias, que se tornou amigo e admirador da aluna para o resto da vida. "Ela tinha uma capacidade de trabalho, uma capacidade de desenvolver as coisas que é muito grande, desde o tempo de estudante. A Adriana é um brilho, é um brilho", completa o professor. Cuidado com diabetes Adriana trouxe luz sobre uma doença crônica e silenciosa, que exige diagnóstico precoce e tratamento certeiro. "Eu já comecei trabalhando com diabetes nas minhas teses de mestrado e doutorado. E depois vim para a saúde pública, o que foi uma coisa muito importante." A coroação da carreira da doutora Adriana é o Centro Integrado de Diabetes, Hipertensão e Fortaleza, que oferece atendimento em diversas especialidades e, ao mesmo tempo em que previne, trata e controla a doença, serve como referência de ensino prático e capacitação dos profissionais, além de pesquisa na área. O centro, que é modelo para todo o país, foi o primeiro desse tipo, em 1988. "Nessa época, também, a gente estava fazendo um estudo, já no Brasil, de prevalência do diabetes. Então, se mostrou que, além de ter uma prevalência elevada do diabetes, 64% dos pacientes que tinham diabetes não conheciam a doença. Então, a gente estava com um problema que precisava diagnosticar, precisava diagnosticar e tratar, precisava tratar adequadamente para prevenir complicação. Então, realmente, foi uma necessidade, uma urgência em saúde pública e deu certo", lembra a doutora. O projeto inspirou o Ministério da Saúde a criar, em 2001, o Plano Nacional de Atenção ao Diabetes e Hipertensão. Doutora Adriana se tornou consultora do Ministério. "Foi um grande projeto no Brasil de detecção de casos de diabetes. Foram 15 mil profissionais capacitados no Brasil inteiro. Foram dois anos de um trabalho muito forte, na época, junto com a Sociedade Brasileira de Diabetes, que eu tinha a chance de ser presidente também", diz. Ela foi a primeira mulher e nordestina a ocupar a presidência da Sociedade Brasileira de Diabetes e participou de painéis na Organização Mundial da Saúde sobre diretrizes globais para desenvolver medicamentos. Enquanto ganhava o mundo, se preocupava em levar para o interior do Ceará, nas localidades mais isoladas, o conhecimento sobre diabetes por meio dos agentes de saúde. "Foi a partir desse acolhimento aqui, desse acompanhamento que eu chamo de especial, é que eu pude chegar aos 58 anos com diabetes juvenil", afirma Simone Maria, paciente de Adriana Costa. Legado no tratamento Atualmente, doutora Cristina é quem está à frente hoje do Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão, mantendo o legado da doutora Adriana. "Eu cheguei aqui ao Centro de Diabetes como voluntária e aí a gente desenvolveu pesquisas dentro da saúde pública do nosso estado que resultaram em políticas públicas importantes. O papel do agente de saúde, o uso de questionários de risco em saúde pública para diabetes. Montamos aqui o Ambulatório de Diabetes e Gravidez, que atende as gestantes do Ceará inteiro aqui no centro e é uma responsabilidade muito grande a gente manter isso de pé", relata Cristina. A doutora Adriana fez tudo isso enquanto dava aulas de medicina na UFC, realizava pesquisas, administrava o Centro Integrado e atendia os pacientes, ao mesmo tempo em que cuidava dos filhos Cássio e Márcio, que teve com também médico César Augusto de Lima e Forti, que morreu ano passado. "Ela mesmo com um curto tempo para poder se dedicar diretamente aos filhos, mas ela sempre se estava presente, ou numa ligação, ou no próprio olhar, ela sempre demonstrava esse carinho e essa preocupação com os filhos", afirma o filho Márcio Costa Forti. "Resumo em três palavras: amor, família e dedicação. Família porque a mamãe sempre está ligada em todos da família, sempre está ligada, dá um telefonema, se ficar doente ela vai, acompanha no hospital. Amor nos dois lados, amor pela família e amor também pela profissão. E dedicação é aquela pessoa que a mãe nunca desistiu de nada do que ela criou como meta na vida dela", acrescenta o filho, Cássio Costa Forti. A determinação de Adriana inspira até os netos, Maria Luíza, Giovanna e João Lucas. "Ela é legal, ela brinca com a gente, ela é inteligente e ela ama muita gente", diz Lucas. Ela continua dividindo os momentos em família com palestras, pesquisas, aulas, participação em congressos. Dedicação e sucesso reconhecidos agora com o Troféu Sereia de Ouro. "Primeiro foi uma surpresa, eu realmente não esperava. Segundo é muito bom porque é um reconhecimento de um trabalho, de uma equipe, de um projeto na área de saúde, que é uma coisa que precisa sempre e que continua acontecendo, está ainda acontecendo, é um projeto que não morreu, é um projeto que vem evoluindo e que está crescendo cada dia mais. Então eu acho que o reconhecimento da Sereia é um reconhecimento que é social, é muito importante." Assista aos vídeos mais vistos do Ceará: